Surdina do Contemplado

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sete Vêzes


Sete vêzes morreria
Sete vêzes mais três anos
Pela grande lua fria
Outra léguas andaria

Sete estrêlas contaria
Sete vêzes três-marias
Pelos caminhos perdidos
Mais sete sombras faria

Rezaria a sete santos
Sete améns e ladainhas
Em tôrno à funda lembrança
Sete voltas eu daria

Contaria sete anos
De pastôra eu serviria
Para rever-te outra vez
Entre as portas giratórias
Que eu em trsiteza fechei.

SOU

Dos longes da minha ternura
Desperto
Para ouvir as expressões
Mais altamente sentidas

Vou caminhando pelos pavimentos
Do sonho
No sentido do amor que me leva
À tua presença

Porque sou quieta
Sou de altos muros
É de ouro minha armadura
Mas de lã o meu enternecimento

O coração é de gaze
E roça quando próximo
Também o tambor dói
Quando dêle se avizinha
O ritmo

Agora o amor se desprende
De mim
Como do vento
O aroma

A lua bordou jasmins
Sôbre a minha alcova
E fêz da noite a íntima

Já o cântaro em essências
Regurgita
Ama-me dentro dos mais
Belos panoramas

Ama-me no meio da vida
Porque o momento é venturoso
E a hora exata

A terra cresce
Quanto mais de ti me aproximo
Nos delírios do encontro
Retinem longamente
As duas taças cheias

Rodam sinos pássaros
Cabeças pelo vento
Em melodia
Eu te repito
Mais alto do que
A esperança.

Seremos Livres

Temerosos
Seremos livres
Até a morte

Que as nossas bôcas
Ñão profanem
O sabor das estrêlas

Nem perturbem
A densidade das rosas
Nem a loucura dos cata-ventos

Assim seremos pálidos
E esquecidos
Nas entranhas das cidades profundas

Seremos letras apagadas
Nas páginas de antigos pergaminhos
Amendrontados viveremos

Perturbados em nossas procuras
Profanados em nossos silêncios
Interpretados em desentendimentos

Esboçados em nossas iras
Não profanemos
Os lagos crepusculares

Nem as árvores refletidas
Nem as imagens indecifráveis
Nem o pouco que resta de nós mesmos

Amedrontados seremos
Um no outro
E abandonados

Surpresos
Em nossa incapacidade
De perdurar

Seremos livres
Até a morte
Dentro dos mais amplos
Itinerários.




6 comentários:

Anônimo disse...

A apresentação dos poemas de Dora Vasconcelos é um belo presente pra todos que gostam e admiram a boa poesia brasileira! Obrigado. Celso

Anônimo disse...

Os senhores estão nos ofertando um excelente presente ao nos apresentar os poemas da Dora Vasconcelos, pois tão pouco se conhece do trabalho desta poetisa. Parabéns! Maria

Anônimo disse...

Os Senhores(as) estão nos presenteando com um trabalho formidável aos nos conceder estas informações sobre as poesias da Dora Vasconcelos. Parabéns! Maria

Anônimo disse...

Ao estudar a canção "Sete Vezes" de Heitor Villa-Lobos e confrontar com o referido poema da Dora Vasconcelos que os senhores(as) postaram, percebi estas diferenças nas palavras da Dora Vasconcelos no texto acima: "Contaria sete anos. De pastôra eu serviria para rever-te outra vez entre as portas giratórias que eu em tristeza fechei."
Em Villa-Lobos encontramos: "Contaria sete anos
De pastôra eu serviria para 'encontrar-te' outra vez entre as portas giratórias 'dos vestíbulos da aurora'."
Como não conhecia este site e nem tenho os livros da poetisa, gostaria de saber se o poema desta página é escrito originalmente como aqui apresentado. Obrigada. Maria

Anônimo disse...

Também estou na situação da pessoa acima..ecnontrei as mesmas diferenças, e gostaria de saber qual seria a orgiginal.
Obrigada!
Abraços
(Belo blog!)

replica rolex disse...

È alimentato dal nuovo calibro Master Chronometer 3861 con carica manuale e scappamento coassiale.orologi replica
Lo Speedmaster Apollo 11 50th Anniversary è completato da un braccialetto asimmetrico della quarta generazione di Speedmaster.

Postar um comentário