Cecília Meirelles

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Por esses dias, fazendo uma varredura nas prateleiras do sebo, dei-me conta da diminuição de títulos disponíveis dessa grande escritora. Fiquei curiosa em saber o porquê desse aumento nas vendas das obras da Cecília. Fui pesquisar, é claro. Coloco aqui o artigo veiculado no Globo em  26/09/2011. Confiram.

Disputa familiar afeta obra de Cecilia Meireles


O leitor que procura obras de Cecilia Meireles nas livrarias e recebe o aviso de “esgotado” talvez não saiba, mas por trás dessa palavra estende-se uma complexa disputa judicial entre os herdeiros da escritora, que se arrasta há uma década e culminou com o fim do contrato com a editora Nova Fronteira, em 2009. Desde então, com a falta de reedições, sumiram pouco a pouco das prateleiras clássicos como “Ou isto ou aquilo” e “Romanceiro da Inconfidência” (disponível apenas em edição de bolso da L&PM), a “Poesia completa” organizada por Antonio Carlos Secchin, a coletânea de correspondência entre a autora e Mario de Andrade, e até suas traduções de “Orlando”, de Virginia Woolf, e dos poemas dos chineses Li Po e Tu Fu, entre dezenas de títulos que hoje só podem ser encontrados com muita garimpagem. A obra de Cecilia permanece sem editora, mas isso pode começar a mudar em outubro, quando uma audiência judicial marcará um novo capítulo na querela familiar.

Para compreender a disputa, é preciso revisitar a árvore genealógica de Cecília Meireles. Ela teve três filhas com o artista plástico Fernando Correia Dias: Maria Elvira (em 1923), Maria Mathilde (1924) e Maria Fernanda (1928). Após a morte da escritora, em 1964, a propriedade dos direitos autorais foi dividida entre as três. Com a morte de Maria Elvira, seu filho único, Ricardo Strang, herdou a parte dela.
A obra de Cecilia é representada há mais de duas décadas pelo advogado Alexandre Teixeira, filho de Maria Mathilde. As desavenças na família começaram em 2000, quando Maria Fernanda acionou a Justiça alegando problemas na prestação de contas de Teixeira sobre os direitos autorais. Segundo o advogado de Maria Fernanda, Roberto Halbouti, a dívida chega hoje a cerca de R$ 2 milhões. Teixeira nega as acusações.

O conflito aumentou em 2007, quando Maria Mathilde morreu e, segundo Teixeira, deixou um documento transferindo para Ricardo Strang sua parte dos direitos autorais. A decisão daria a Strang dois terços da propriedade sobre a obra de Cecilia, permitindo que ele decidisse sozinho sobre futuras edições. As duas outras filhas de Maria Mathilde contestam a autenticidade do documento. Uma perícia grafológica já comprovou a validade da assinatura, mas houve um recurso, que será julgado no início de outubro.

Aliado de Strang, Teixeira diz esperar que a audiência do próximo mês encerre um imbróglio que o mercado editorial acompanha há anos com um misto de hesitação e ansiedade. Embora Cecilia seja uma das autoras mais populares do país, com potencial de inclusão nos milionários programas de compras de material didático do governo federal, as editoras têm se mantido à espera de uma solução para o impasse. Em nota oficial, a Nova Fronteira manifesta “todo o interesse e empenho em renovar a obra de Cecilia Meireles, e torce para que a atual indefinição de titularidade seja resolvida o mais breve possível”.


Fundador da agência literária Solombra, que representa, além de Cecilia, autores como Manuel Bandeira e Orígenes Lessa, Teixeira considera o direito autoral “um patrimônio familiar, como a herança de um empresário ou um proprietário de terras”, e se orgulha do protecionismo com que zela pela imagem dos clientes, vetando até biografias e trabalhos acadêmicos que citem suas obras. Considera o mercado editorial brasileiro “coronelista e patrimonialista”, mas já busca uma nova casa para abrigar a obra da avó, que entra em domínio público em 2035.

— Não é leilão, é uma consulta. Isso envolve muitas questões além do valor do contrato, como o projeto de edição, o plano de marketing e o tratamento que a editora vai dar ao autor — diz Teixeira ao GLOBO, ressaltando que ainda há textos de Cecilia inéditos em livro, como peças de teatro, conferências e colaborações na imprensa.

Teixeira anuncia que, além de Cecilia, a obra de Manuel Bandeira, atualmente publicada pela Nova Fronteira, também mudará de editora em breve. O contrato atual termina em fevereiro de 2012 e o advogado diz que ele não será renovado. Nos últimos anos, parte da obra de Bandeira tem saído por outras editoras (a Cosac Naify, por exemplo, lançou duas coletâneas de poesia e três de crônicas, além de suas traduções de “Macbeth”, de Shakespeare, e “O círculo de giz caucasiano”, de Brecht), mas a poesia completa do autor, reunida no livro “Estrela da vida inteira”, ainda está no catálogo da Nova Fronteira. A obra está esgotada nas principais livrarias do país.


Uma pena isso, né gente?
Enquanto tudo não se resolve, divido com vocês a preciosa imagem do meu Romanceiro da Inconfidência, sendo este um exemplar especial, que pertenceu a José Mindlin.

editora: Livros de Portugal
ano: 1953
estante: Livros Raros
peso: 1000g
descrição: 1ª edição. Poesia. Encadernação capa dura, conservando as capas originais da brochura. Livro em muito bom estado de conservação, apresentando apenas a página do falso rosto escurecida e a capa da brochura com alguns pequenos pontos amarelados. 300pp

3 comentários:

Monica Faria disse...

Parabéns pelo blog,está lindo!

W. RIBEIRO disse...

Parabéns pela dedicação e vontade em fazer brilhar os olhos de quem ama leitura e história.
Sucesso.

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The dial is brushed vertically. The hour and minute hands are filled with black paint,replica watches uk while the chronograph hands and the time of the totalizers are painted black. Faceted indices made of black onyx in polished frames complete the look.

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